Inauguração
“Estabelecimento que vem honrar Pernambuco, sendo dignos de elogios os esforços dos que edificaram contribuindo para dotar nossa cidade de uma ótima casa de diversões”, assim foi escrito no jornal Diário de Pernambuco, em 24 de agosto 1915, dia da inauguração do Teatro do Parque, um dos únicos teatros-jardim do Brasil. Para a noite de estreia, as galerias do novo aparato cultural ficaram lotadas, com apresentações da banda de polícia e da peça “O 31”, de Luiz Galhardo Pereira Coelho e Alberto Barbosa. "Inauguração do melhor e mais elegante teatro do Recife", diziam os anúncios de convite. Construído a partir da idealização e investimento de 200 contos de réis do Comendador Bento Luís de Aguiar, o Teatro do Parque teve sua estrutura erguida em aço e cimento, com decoração feita pelos pintores Henrique Elliot e Mário Nunes. Grande inovação arquitetônica do teatro foi incluir um jardim para ajudar na climatização do ambiente, respeitando as condições do clima tropical da cidade do Recife. Na época de sua inauguração, os ingressos eram adquiridos na Hotel do Parque, que fica ao lado e por muito tempo teve conexão direta com as instalações do teatro. |
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Cine-Parque
Até então funcionando apenas como palco-teatro, o Teatro do Parque inaugurou seu cinema em 24 de novembro de 1921, com apresentação de seis atos de “A filha do tigre”, produção da Fox protagonizada pela atriz Pearl White, e dois atos da comédia “Agarra-me”. De 1929 a 1959, entrou no circuito de filmes falados, projetando produções da Disney e algumas chanchadas brasileiras (comédias musicais, misturadas com elementos de filmes policiais e de ficção científica). E foi filme “A divina dama” deu início ao cinema sonoro em Recife, no dia 24 de março de 1930.
Em 1973, já após restauração e revogação de decreto que suspendeu o cinema por quase 15 anos, o Teatro do Parque passou a ser o primeiro Cinema Educativo Permanente do Brasil. O início desta era foi com a estréia do filme “Panorama do Cinema Brasileiro” em 2 de dezembro daquele ano, que teve sessões gratuitas para o público em dois horários por dia. Em matéria do Jornal do Commercio, a reabertura do cinema serviria ao propósito de “Trazer a juventude para aprender através do cinema", isso em uma cidade que ainda não contava com Cinematecas e Cine-clubes. A ideia de trazer essa vertente educacional partiu do professor Alfredo de Oliveira, na época o titular da Secretaria de Educação municipal, como parte do cumprimento de metas do Plano Setorial de Educação e Cultura do MEC. "Educação pela Imagem" foi o slogan escolhido.
Reformas
Um dos únicos teatros-jardim ainda existentes no Brasil, o Parque, como é carinhosamente conhecido por seu público saudoso, sofreu várias intervenções, ao longo de mais de cem anos de história. Foram quatro grandes intervenções desde a inauguração do equipamento, em 1915. A primeira delas data de 1929, quando o Teatro foi ampliado e adaptado para a função de cine-teatro. Na década de 1950, na gestão do prefeito Pelópidas da Silveira, o teatro fechou as portas, que foram reabrir em 1959, quando o foco das suas atividades voltou novamente ao teatro – para reabertura ocorreu apresentação da peça “Onde Canta o Sabiá”, de direção de Hermilo Borba Filho.
Mas a segunda reforma do Teatro do Parque aconteceu em 1968, quando o espaço recebeu ajustes para conferir a ele características modernistas. A penúltima grande intervenção deu-se em 1986, quando foram observados alguns pequenos indícios de obras de restauração. Por fim, no ano de 2000, foram realizadas obras para instalação de sistema de climatização.
Em 2010, o Teatro do Parque fecha novamente para reformas, desta vez por causa de graves problemas de infiltração que danificaram a estrutura física, hidráulica e elétrica. A reforma, iniciada em 2013, chegou ao fim em novembro de 2020, trazendo restauro de toda a estrutura predial e dos elementos decorativos, devolvendo as características do projeto arquitetônico original de 1929.
Requalificação de 2020
Importante ressaltar que o trabalho de recuperação da estrutura predial do teatro, executado pelo Gabinete de Projetos Especiais, em articulação com a Fundação de Cultura Cidade do Recife, foi fundamental para que toda a obra de reforma e restauração pudesse acontecer. A primeira fase da obra teve como objetivo sanar os problemas mais urgentes encontrados na estrutura da edificação para cessar a degradação crescente que vinha acontecendo. Todo o madeiramento, além de telhas, calhas e rufo do telhado tiveram que ser substituídos. Tubulações e fiações das instalações elétricas também precisaram ser completamente refeitas, além das instalações hidrossanitárias e do sistema de drenagem do teatro.
Em seguida, começou o trabalho de pesquisa histórica para identificação dos registros mais antigos da aparência do Teatro ao longo de sua existência, que levou em consideração fotografias e documentos, além dos elementos encontrados no próprio prédio, encobertos por muitas décadas de intervenções superficiais e pouco cuidadosas. O resultado das prospecções foi a escolha do ano de 1929, quando o Parque ganhou status de Cine-teatro, como referência para a requalificação do prédio. Só a partir daí, o restauro foi iniciado, em paralelo às obras civis.Foram executadas, então, obras complementares, relativas à subestação, instalações elétricas, acústica, paisagismo e climatização, dentre outras intervenções já concluídas. Também já foram instalados os equipamentos de luz, som e cênicos. As cadeiras, que passaram por serviços de restauro, foram devolvidas à plateia, assim como os seculares lustres de cristal foram recolocados nos corredores que contam tantas histórias.
Teatro-Jardim – Ganhou ainda um projeto de paisagismo especial e convidativo ao público. Além de ser um espaço que promoverá o encontro de pessoas, o jardim do Teatro será uma extensão do palco, podendo ser cenário para apresentações ao ar livre.
Vídeo – Confira matéria feita pelo Diário de Pernambuco em novembro de 2020 sobre a requalificação e história do Teatro do Parque:
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